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Fod**** as resoluções

Manifesto Slow para o ano 2025

resolução ano novo, slow living portugal

Se por um lado me revejo na pessoa que faz, a cada réveillon, 1001 projeções de novos desafios e desenvolvimento pessoal, também me revejo na pessoa que quebra 1000 dessas projeções. Apesar de ter começado este artigo na 1ª pessoa, sinto-me confiante em apostar meio ordenado em como este fenómeno é transcendente a uma fatia gigante da população humana que inicia um novo ano desta forma.

E não que tenha perdido a fé em mim ou na resiliência e determinação do ser humano, mas sabemos que muitos dos nossos sonhos acabam por ser “acordados” e ESTÁ TUDO BEM! Porque até dos sonhos dependemos para viver.

O fecho do ano velho e os falhanços

prémio cancelado

Ora, nem todos os fechos contabilísticos dão-se por imaculados e falamos de matemática. Então, por que alminha, iria a vida, em toda a sua infinita complexidade, ser medida em projetos que estabelecemos num dia?

E a avaliação que daí surge, muitas vezes por perguntas externas como “Então, não ias começar uma dieta?”, é pior quando é a nossa voz interior que auditora o que não fizemos.

Porra Sara, nem duas caminhadas por semana conseguiste fazer!”

Pois não, e houve tantas “caminhadas” que deixei por fazer ou nem comecei de todo!

No julgamento final DE ANO, vem sempre a culpa e/ou imensas desculpas. Em ambos os contextos, o que é colocado em cima da mesa, é a falta. Falta de.

– Falta de autoestima

– Falta de responsabilidade

– Falta de organização

– Falta de compromisso

– Falta de iniciativa

Na realidade faltou tanta coisa para que não faltasse nada. E com o novo ano a aproximar-se, a memória e convicção dos heróis (esses seres extraordinários que factualmente fazem acontecer) renovam os compromissos que faltaram e fazem novos.

Para os demais de nós, meros mortais, humildes presentes, o novo ano apaga o que não fizemos para dar lugar a sonhos nunca imaginados. Porque se nos últimos 12 meses não emagreci, está na altura de juntar dinheiro para pôr implantes capilares. Se não consegui ler 10 livros, está na altura de aprender a andar de patins. E por aí em diante em demais compensações engraçadas.

Falhamos no quê?

coração bordado com agulha e linha vermelha, slow living portugal

Mas afinal falhamos em quê?

– X Perder peso

– X Fazer exercício físico

– X Ler mais

– X Organizar a minha vida

– X Juntar dinheiro

– X Aprender alguma coisa nova

E agora a pergunta de milhões: o que fizemos ou deixamos acontecer que não está nessa lista?

O que aconteceu no último ano que nos enriqueceu, que nos desafiou, que melhorou a nossa ou a vida de outra pessoa? O que fizemos de tão pequeno que tornou a nossa jornada mais clara, mais significativa, mais harmoniosa?

Que micromudança ou microação aconteceu no último ano que nos fez rir, que nos tranquilizou, que nos aproximou de alguém, que nos trouxe luz?

Qual foi o dia menos memorável do calendário que mudou algo em ti para melhor? Qual foi a epifania inesperada no momento mais aleatório?

Qual foi a tua agulha no palheiro? Na mancha desfocada de 365 dias, que momentos é que te marcaram?

Podemos ter falhado…mas podemos ter conquistado também

mulher feliz com flores, slow living portugal

Não vou usar o discurso de desculpa ou de conquistas alternativas à falha real. Porque não somos nenúfares e nós falhamos, claro! Mas como uma eterna otimista, eu tendo a encontrar o arco-íris quando chove.

Falhaste? Sim, senhor(a)! Está feito. Arrumado!

Não perdi peso. Não fiz exercício. Não juntei dinheiro.”

E agora? Como é que é este protocolo de gestão de falhanços?

Ora, fodam-se as resoluções!

Os anos existem porque assim medimos o tempo. Talvez num ano possamos ter falhado em 3 frentes, mas em 5 anos falhamos 4 e conquistamos 6. Talvez passemos por ciclos difíceis e outros abundantes, e talvez, apenas talvez, esses ciclos não sejam regidos por números, mas por plurais. DiaS, meseS, anoS…

Com isto, a perceção do nosso apuramento de final ano pode estar mal calibrada. E para perder peso talvez precisarei de mais que um ano. Porque a minha luta contra a obesidade talvez (ou não) necessite de mais tempo. Talvez, e talvez não talvez, seja uma guerra de uma vida inteira. E durante alguns anos ganhe as batalhas, e outros perca.

Não querendo coroar uma coragem de admitir que sou obesa, nem tão pouco “abafar” os meus parcos esforços, mas houve outras conquistas. Não estou a comparar o peso da medalha de ser mais saudável (trocadilho não intencional) com milestones funestos (“ah, estive muito mais concentrada em educar a minha filha e ganhei muito amor”). Perdoa-me, ninguém ganhou nada – a minha saúde perdeu e a minha filha apenas ganhou uma mãe mais doente. Mas sim, houve outro tipo de conquistas que me aproximaram dessa meta ainda que esta se observe por binóculos.

– Não perdi o peso que queria, mas perdi 5kg e sei agora qual é exatamente o meu problema de saúde

– Não fiz exercício físico mas subo até ao 2º andar do meu local de trabalho de escadas todos os dias

– Não li 10 livros, mas li 1

– Não organizei a minha vida, mas sinto que sou 10% mais arrumada em casa

– Não consegui fazer uma poupança significativa, mas ganhei dinheiro fora emprego

– Não fiz a formação em endomarketing que queria, mas aprendi imenso sobre a minha área e sinto-me cada vez mais capacitada e confiante na minha profissão

 

Boa Sara! Clap, clap, clap…. Conseguiste ISSO TUDO num ano? 🙄

Ya! Incrível, não é? E sabes o que é melhor que essa ironia toda? É saber exatamente que falhei, mas que isso não me impediu nem impede de continuar a melhorar. Nem que seja 6% ao ano. Melhor que qualquer taxa de TANB, não?

O final feliz e a renovação de votos

Portanto, que porra ganhamos nós em falhar?

Uma comédia em 3 atos – a desilusão, a lição e a continuação. A parte cómica é a perceção de que apenas temos uma oportunidade para fazer alguma coisa. Algumas coisas talvez. Ou apenas algumas vezes. Mas o hilariante é continuarmos a percecionar a decisão como algo perene. O soldado romano do tempo – a.R. e d.R. (antes Réveillon e depois Réveillon).

O ano Domini não é o ano de todas as possibilidades. Não há ano Domini. Existe vida, com um mar circundante de probabilidades e decisões. E depois, um céu de resultados positivos e negativos que nos vão moldando a perceção do sucesso e falhanço.

E aqui andamos nós, feitos náufragos, cada um na sua ilha, a saltar de onda em onda, observando apenas a altura da água. Não tendo a real consciência de quantas milhas já percorremos nem quantas ilhas já visitamos. Porque o caminho faz-se olhando para a frente, é um facto. Mas quanto é que já caminhamos para chegar aqui? E quanto já falhamos? E quanta água já engolimos?

E quantas vezes juraste a ti próprio? E quantas vezes mais irás falhar contigo próprio?

E se desta vez, jurasses falhar? Jurasses saber falhar?

Espero que o ano 2025 te traga muita luz, muita paz e significado ao teu coração.

Obrigada por teres estado desse lado desde 2024.

Obrigada!

Sara – Slow Living Portugal

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