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Como o stress me derrubou em Março e Abril

e o que aprendi sobre compromissos e equilíbrio slow

Cão pequeno enrolado num cobertor, deitado numa cama branca com luz suave a entrar pela janela. A imagem transmite cansaço, vulnerabilidade e a procura de conforto, simbolizando a pausa necessária em momentos de exaustão.

Sim, ainda estou viva. Ainda mais moribunda que presente. Em fase de recuperação de um Março (e parte de Abril) que me deu duas chapadas na cara. Como diziam as mães de outras eras: “se te magoas, ainda levas por cima!”. (não fui a única a ouvir isto, certo?) Foi exatamente isto que aconteceu! Março avisou-me que ia correr mal e eu ignorei que nem um puto de 4 anos a andar em telhados de plástico. É claro que correu mal!

Uma agenda e um ritmo que já não conhecia

Bullet board coberto de post-its coloridos com tarefas e compromissos, simbolizando a sobrecarga mental e o caos de uma rotina acelerada.

Foi um atípico mês de 456 dias à velocidade de um cágado. Velocidade essa percepcionada, porque na realidade eu voava de um lado para o outro.

Março foi o mês de “Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo”:

  • muitos eventos profissionais;

  • compromissos pessoais inadiáveis;

  • iniciei uma formação de 50 horas cujas aulas acontecem 2x/semana com 3h cada pós-laboral.

     

Em minha defesa, a formação estava inscrita há meses e foi sendo adiada.
O universo (com aquele sentido de humor sórdido que só ele entende) decidiu agendar tudo para o mesmo mês.

A par disto, sou uma pessoa algo hipocondríaca (e já vou dar um cheirinho disto mais à frente) e mantive o compromisso em fazer, também em Março, os exames de check-up prescritos em Fevereiro. Portanto, a minha agenda ganhou visualmente uma espécie de varicela azul de dezenas de lembretes e agendamentos.

Percorrer os dias com este stress e estado de alerta

Silhueta rosa de um homem sobre fundo amarelado, com uma aura luminosa ao redor da cabeça, simbolizando a confusão mental e a sobrecarga de pensamentos.

Como é que foram estas minhas semanas? Foi um delicioso cocktail de stress e correrias, acompanhado com um snack de “Tenho que fazer isto, não tenho outra hipótese”. Acordava a pensar no que “tenho de fazer hoje” e deitava-me a pensar no que “tenho que fazer amanhã” sem um momento de surdez de agenda. Esqueci-me do meu direito ao descanso (já agora, dá uma espreitadela aos “Outros” Direitos Fundamentais” que falei com a Ana Matos da “Arte da Possibilidade” há uns tempos – abordamos, entre outros, o direito ao descanso e o direito ao não).

Não entrei no estado automático que todos conhecemos, porque todas as tarefas eram diferentes, em sítios distintos e de categorias divergentes. Dessa forma, o meu estado de alerta era elevadíssimo pois cada dia exigia uma face diferente de mim. E isso causou um cansaço visceral – físico e, especialmente, mental.

Resultado? “Doenças e Tudo e mais alguma coisa em Todo o Lado ao Mesmo Tempo”

Mulher de costas despidas, abraçando-se a si mesma, simbolizando o impacto do stress no corpo e a relação entre doenças físicas e o bem-estar emocional.

Pois é, meu caro. Como já sou uma respeitável senhora de 34 anos, o meu corpo não perdoou. E, como ele já vai mais avançado que eu no que a processamento de stress e cansaço diz respeito, deu logo o seu ar de graça.
E fez-se ouvir com tudo o que tinha à disposição:

  • Crise de contraturas nas costas e tórax — com direito a eletrocardiograma (não dá para brincar com dores no lado esquerdo do peito).

  • Palpitações, mioquimia nos olhos e narinas — uma espécie de concerto de stress no corpo todo.

  • Zona (sim, a tal!) — pensei que fosse alergia. Não era.

  • Gastroenterite vírica — o sistema imunitário mandou tudo às favas.

  • Irritabilidade crónica e uma nuvem negra sobre o meu humor.

Tudo isto em menos de 30 dias.

Diagnóstico? Stress extremo.
Confirmado e assinado por profissional de saúde.

Então não era suposto estar numa jornada slow?

Uma mariposa pousada ao lado de vários casulos, simbolizando as diferentes fases da vida, com a ideia de que tanto os momentos bons quanto os difíceis são passageiros e cíclicos.

Durante semanas esqueci-me dos meus valores slow. E com isto pensei várias vezes no compromisso que fiz comigo própria. Sabes, eu sou daquele tipo de pessoa que “é para fazer, é para ir com tudo”, e em muitas situações ao longo da minha vida não soube entender que um compromisso não é automaticamente quebrado quando falhamos – a sua integridade reside, sim, na nossa capacidade de seguir com ele mesmo quando fracassamos. Porque afinal somos seres humanos… tanto quanto sabemos.

Assim, senti-me a fracassar comigo própria. Afinal, à mínima perturbação da minha agenda idílica, tudo se destrói e volta ao estado zero. Esta é das maiores mentiras que o nosso cérebro pode nos contar. É uma armadilha das nossas inseguranças.

E durante estas longas semanas percebi que também há espaço para a exceção. E que para a exceção ser o que ela é, existe uma regra a acontecer paralelamente. Vivi 1 mês e meio destrutivo e dou graças por ter escolhido viver os outros 8 meses e meio em consciência. Ou pelo menos, tento que assim seja. Conheço a inconstância essencial da vida e que para termos regra precisamos do reforço da falha. E vão existir tantos outros mês e meio destrutivos.

Que para esses meses tenha pelo menos meio de tranquilidade e de significado. Que traga sempre comigo a sabedoria que tudo é passageiro e cíclico. Para o mau e para o bom. E quando tudo parece estar a ruir, há pilares que não abanam.

 

Obrigada por estares desse lado,

(Já sentia falta deste canto.)

Sara – Slow Living Portugal

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